Para evidenciar a importância de discutir temas ligados às necessidades de pessoas portadoras de deficiência, começa nesta terça-feira (21), indo até o próximo dia 28, a 19ª edição da Semana Municipal da Pessoa com Deficiência. Ao mesmo tempo, ocorre a semana estadual para debater o assunto. Com o tema Cidades acessíveis: sociedade inclusiva, traz ao longo deste período oficinais, seminários e debates para evidenciar as dificuldades enfrentadas diariamente por esta parcela da sociedade.

O Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Altas Habilidades é quem realiza o evento. Para sua presidente, Brandina Buttow, o evento sempre traz evolução ao público portador de deficiências. Ela aponta que um dos grandes problemas é a falta de percepção da população em geral quanto às necessidades deste público, sendo esta uma oportunidade de esclarecer questões e deixar o tema em evidência. Por vezes, um projeto é feito sem considerar a inclusão, e evitar este esquecimento é um dos papéis do Conselho. "Falta um olhar especial na hora de projetar", relata.

Por isso, o Conselho tenta conversar e levar a solução às questões, antecipando o surgimento de problemas. Ela relata que a maioria das pessoas e empresas, quando percebe a necessidade de incluir a acessibilidade como algo intrínseco tanto em construções quanto em atendimentos, aceita ouvir o Conselho. "É importante ver e ouvir eles. São quem sente na pele a dificuldade do dia a dia", relembra. Atualmente, o Conselho é formado por 16 instituições, sendo oito públicas e oito privadas. As reuniões ocorrem uma vez ao mês. Já o atendimento ao público em geral ocorre sempre às terças e quintas-feiras, das 14h às 17h, na Casa dos Conselhos.

Trabalho em foco
Dentre os temas abordados nesta semana, estará a inclusão no mercado de trabalho. No primeiro dia do ciclo, se inicia com um seminário sobre trabalho, transporte e previdência social, na Escola Alfredo Dub (Zola Amaro, 379). Já na sexta-feira, a Agência FGTAS/Sine intermediará um dia especial para ofertar vagas a este público. Segundo o coordenador Glauber Burkle, contatos estão sendo feitos para ofertar mais vagas de trabalho para o público com deficiências. A agência atenderá o público em geral mas, como de costume, o atendimento será preferencial aos portadores de necessidades especiais. Empresas interessadas em ofertar empregos podem procurar o Sine pelo e-mail [email protected] e pelos telefones (53) 3225-6024 e (53) 3225-5333.

Sentindo as dificuldades na pele
"Eu me viro. Com muita dificuldade a gente vai, mas podia ser diferente." Assim, Michel Ribeiro, que nasceu há 38 anos com paralisia cerebral, influenciando na motricidade de suas pernas, refere-se à acessibilidade de espaços tanto públicos quanto privados. Ele utiliza muletas para se locomover, mas, por vezes, a dificuldade é enorme.

A necessidade de se adaptar a diversos empecilhos para chegar a um lugar ou outro já trouxe sofrimento. Certa vez, ao passar por uma rua no bairro Fragata, sua muleta escorregou no piso quebrado e ele machucou o pulso. O local escolhido por ele para conversar com a reportagem foi estratégico: a rua General Osório. O piso grelha, com um largo espaçamento para captar as águas da calçada, por vezes serve de armadilha para quem usa muletas.

Meio-fio alto, buracos na calçada, piso úmido e falta de faixa de segurança são outros dos obstáculos encontrados todos os dias por Michel e todos os outros portadores de deficiência física. Ele, por exemplo, não consegue passar em ruas de chão batido, pois os buracos, o barro e a água acumulada o fazem escorregar. "É assim com muita gente. Podia ser diferente", lamenta.

No entanto, ele comemora a solidariedade do público. Em geral, a população demonstra empatia e tenta ajudar. Porém, em alguns casos, a vergonha de oferecer ajuda é vista por ele como um empecilho para ambos os lados: O deficiente precisa enfrentar a dificuldade sozinho e a pessoa que não ajudou fica com peso na consciência. "As pessoas têm medo de chegar e perguntar se precisamos de ajuda. Isso não ofende ninguém", garante. Para atravessar faixas de segurança ou ruas sem esse recurso, ele revela que contar com ajuda por vezes é essencial para fazer a travessia sem problemas. Por outro lado, a falta de educação de motoristas ou de adaptação dos espaços públicos básicos, é um desafio para todos os momentos. "É lutar todos os dias para ver se a coisa muda", encerra.

Confira a programação da 19ª Semana Municipal da Pessoa Com Deficiência
Período - De 21 a 28 de agosto
Tema: Cidades acessíveis: sociedade inclusiva

Terça-feira - Às 13h30min
Seminário: Trabalho, transporte e previdência social
Local - Auditório da Escola Especial Prof. Alfredo Dub - Rua Zola Amaro, 379

Quarta-feira - Às 13h30min
Tarde esportiva
Local - Ginásio do Cerenepe - Rua Zola Amaro, 318

Quinta-feira - Às 14h
Oficina Embelezamento e Música. A beleza de ser diferente
Local - Centro Social Urbano do Areal - COP - Rua Rafael Pinto Bandeira, 1.359

Sexta-feira - Às 14h
Mostra de talentos - Deficiência visual
Local - Associação Escola Louis Braille - Rua Andrade Neves, 3.084

Dia Alusivo à Semana Municipal - Intermediação do mercado de trabalho para pessoas com deficiência
Local - Sine - Rua General Osório, 602

Sábado - Às 14h
Mostra da Asdefipel
Local - Hospital São Francisco de Paula - Rua Marechal Deodoro, 1.123

Domingo - Às 19h
Celebração em ação de graças pela Semana Municipal - Participação da Fraternidade Cristã de pessoas com Deficiência (FCD) - Núcleo da Luz

Local Paróquia Nossa Senhora da Luz - Rua Padre Anchieta, 3.560

Segunda-feira - Às 13h
Programa Treze Horas - Participação do Sine com a pauta mercado de trabalho

Local - Estúdio na Associação Comercial de Pelotas e transmissão pela Rádio Universidade

Terça-feira (28) - Às 14h
Audiência Púbica - Participação Asdefipel
Local - Câmara Municipal de Pelotas - Rua 15 de Novembro, 207

(Fonte: Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Altas Habilidades)